Uma recente reportagem sobre os pastores mais ricos do Brasil pela Forbes provocou críticas de líderes evangélicos brasileiros no país.
Um dos pastores mencionados na lista dos mais ricos, Silas Malafaia,
prometeu abrir um processo contra a revista pelo relatório que ele
chama de “safadeza".
Outros líderes evangélicos também se pronunciaram
contra a notícia dizendo que ela apresenta a religião como um negócio
rentável e viola o sigilo bancário desses pastores.
- (Foto: YouTube)
A
Forbes realizou uma investigação sobre o patrimônio líquido dos líderes
evangélicos mais populares no Brasil, supostamente baseando-se em
números relatados pelo Ministério Público do Brasil, União e Polícia
Federal.
A revista disse que usou também estimativas do valor de
propriedades privadas de cada pastor, relatado pela mídia brasileira,
incluindo as revistas Veja, Exame, IstoÉ, IstoÉ Dinheiro e jornais Folha
de S. Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo.
A investigação apontou os cinco ministros mais ricos, que incluíram: Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus ($ 950 milhões); Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus ($ 200 milhões); Silas Malafaia,
presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo ($ 150 milhões), RR
Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus ($ 125 milhões) e o
casal Estevam Hernandes e Sônia, da Igreja Renascer em Cristo ($ 65
milhões).
O pastor Silas Malafaia, que foi incluído na lista,
negou a informação relatada, alegando que todo o dinheiro de sua igreja,
outros ministérios/empresas e ofertas, não chegam a representar nem a
metade desse montante ($150 milhões).
"Tudo o que tenho de
patrimônio pessoal e renda, estão declarados na Receita Federal. Não
tenho nada a temer ou a dever.
Dizer que a informação da minha renda foi
dada pelo Ministério Publico do Brasil e pela Polícia Federal é uma
afronta a essas instituições sérias, porque eles não tem autoridade
legal para fornecer nenhum tipo de informação como esta", disse ele,
segundo o site de notícias da sua igreja.
Veja também: Presidente da Anajure critica Forbes por lista dos pastores mais ricos do Brasil.
Malafaia
prometeu então, abrir um processo contra a Forbes Brasil para provar
que a informação é uma mentira.
“Mais uma vez para provar a mentira
desses safados, mediante a isto, entrarei com uma ação judicial contra a
Forbes Brasil”.
O presidente da Associação Brasileira de Juristas
Evangélicos (ANAJURE), Dr. Uziel Santana, em um e-mail compartilhado, também se pronunciou contra o relatório.
Dr. Uziel expressou sua preocupação sobre uma eventual violação do sigilo bancário e fiscal desses pastores.
“Independentemente
do mérito da questão, é grave o fato de que possivelmente houve
violação de dados protegidos por sigilo bancário e fiscal.
Isso é tão
violento, quanto fazer mercancia da fé, enganando os que têm menor
discernimento da realidade.
Certamente, dois abusos a serem coibidos,
inclusive penalmente.
Certamente, dois ilícitos que mitigam princípios
basilares do Estado Democrático de Direito.
Com a palavra, a Polícia
Federal e o Ministério Público”, disse o Dr. Uziel.
Veja também: Teólogo critica a Veja por matéria sobre profissão de pastores com salário de até R$-22 mil Reais.
A lista dos pastores mais ricos publicada pela Forbes veio após um relatório sobre os salários e a "profissão" de pastores no país pela revista brasileira Veja.
Um
repórter da publicação disfarçado de estudante acompanhou um curso de
formação de pastores patrocinada pelo ministério da Igreja de Pastor
Silas Malafaia em dezembro do ano passado.
Ele disse que Malafaia
afirmou que os salários dos pastores "vão até 22.000 reais (cerca de US $
11.000) mensais.
O repórter, então, comparou com o valor dos salários de outras igrejas, como as mencionadas neste relatório.
Na
igreja de Edir Macedo, os salários, segundo informações, variam entre
R$ 1.500 e R$ 10.000 (cerca de US $ 734 e 4.898 dólares), na Igreja
Mundial do Poder de Deus seria em torno de R$ 15.000 ($ 7.347), e na
Igreja Renascer em Cristo, entre R$ 1.500 e R$ 15.000 ($ 734 e $ 7.347).
O
relatório também atraiu críticas de muitos evangélicos, devido ao seu
foco na parte financeira e profissional do papel pastoral e por não
representar a realidade da maioria das igrejas evangélicas no Brasil.
O
Rev. Mauro Meister, professor de Antigo Testamento e Coordenador do
programa de Mestrado em Divindade da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, classificou a reportagem como "generalização".
“Além
das igrejas mencionadas, existem muitas outras, sérias e comprometidas
com a formação acadêmica e pastoral dos seus ministros e que não fizeram
e nem fazem do pastorado uma profissão.
Que se fizesse ao menos uma
ressalva... mas, nada é dito”, expressou ele, em seu blog.
Ao
contrário do processo de formação e de pastores que fazem as igrejas
pentecostais e neo-pentecostais mencionadas no texto, o reverendo diz
que o processo na Igreja Presbiteriana, por exemplo, é composto por
várias etapas, incluindo estudar em um Instituto Bíblico por 1 ou 2 anos
e fazer um curso teológico de 4 a 5 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário