Artista cria obra conceitual com picolé sabor vinho.
“Picolés de Jesus” são usados como protesto ao fanatismo religioso |
O artista chileno Sebastian Errazuriz, hoje
morador de Nova Iorque, está usando uma forma inusitada para protestar
contra o extremismo religioso.
Durante a Design Week, que ocorre
esta semana em Nova Iorque, ele distribuirá “picolés de Jesus”.
Feitos
com “vinho sagrado congelado transformado no sangue de Cristo” e com um
palito que lembra um crucifixo, cerca de 100 deles serão distribuídos em
sua mostra R’Pure Gallery.
Sabastian diz que a obra foi feita de maneira “ilegal”, pois escondeu
o vinho em um refrigerador que ficava na igreja, onde era
“inadvertidamente abençoado pelo padre, enquanto ele transformava o
vinho em sangue de Cristo, durante a Eucaristia”.
De acordo com a Galeria de Arte R’Pure, 10 artistas participarão
dessa exposição onde os visitantes poderão “revisitar objetos e símbolos
que forjaram a cultura americana através dos olhos de seus criadores”.
Cada peça é uma interpretação pessoal de algum aspecto da vida
cotidiana, seja de comemoração, crítica ou simplesmente uma observação.
A
exposição pretende questionar os valores da cultura norte-americana
que, de muitas maneiras, influencia todo o mundo.
Embora muitas das obras de arte sejam provocativas, nenhuma é tão
controversa quanto o Jesus em um palito de picolé.
Acostumado a
controvérsias, Errazuriz disse que sua intenção não é provocar as
pessoas.
“Não que eu deseje propositadamente ficar em apuros.
Acredito
que se você não está fazendo um trabalho capaz de fazer as pessoas
pararem, pensarem e discutirem, então é melhor nem trabalhar”, disse
ele.
Criado em uma família católica, Errazuriz se diz agora um “ateu
praticante”, mas ele tem muitos amigos e familiares que são religiosos, e
diz que respeita suas crenças.
Porém, confessa que sempre foi
atormentado pela religião, especialmente quando as pessoas tentam impor
suas crenças sobre os outros.
“Questionar a realidade que recebemos das gerações anteriores pode ser incrivelmente libertador”, disse o artista.
Sua maior crítica é quanto aos dogmas que mantém uma influência
crescente sobre a política, especialmente quando os líderes insistem em
“professar publicamente sua fé em Deus e fazer cumprir as leis que
defendem a ideologia da Bíblia, mesmo que isso passe por cima das
liberdades individuais”, explica.
Seus picolés são apenas um símbolo, um convite para que os visitantes
da galeria levem suas religiões – não importa qual sejam – um pouco
menos a sério.
Embora a ameaça do fanatismo islâmico seja mais visível na mídia,
Errazuriz quer lembrar que o extremismo nunca é aceitável,
independentemente da religião.
Ele menciona a Ku Klux Klan, que décadas
atrás era “uma força política dominante na sociedade americana, que se
dizia uma organização cristã e usava uma cruz em chamas como símbolo”.
Errazuriz enfatiza que a língua das pessoas que provarem os “picolés
de Jesus” ficará manchada de vermelho após seu consumo e isso os
lembraria da relação entre o fanatismo e a violência religiosa
histórica.
Ele também espera que os palitos “provem que os cristãos
sabem lidar com um pouco de humor e ironia. Este indicador saudável é
mais difícil de encontrar entre os fanáticos religiosos de outras
religiões”, finaliza.
Traduzido e adaptado de CNN
Nenhum comentário:
Postar um comentário