Pregação de pastor batista gerou debates acirrados na internet.
Pastor chama “oração do pecador” de supersticiosa e divide opiniões |
Um vídeo de três minutos que foi compartilhado
milhares de vezes entre a comunidade evangélica nos últimos meses
continua rendendo críticas ao seu autor.
Tudo porque o pastor David
Platt chamou de “supersticiosa” e ‘antibíblica’ a conhecida “oração do
pecador”, onde a pessoa que deseja iniciar sua vida cristã é levada a
repetir uma série de frases que lhe garantiria a salvação eterna.
Ensinada em igrejas de todo o mundo, a prática, de fato, não possui
um respaldo bíblico.
Platt, 33 anos de idade, lidera uma igreja batista
em Birmingham, Alabama.
No início deste ano, ele disse aos participantes
da Conferência Verge, no Texas, que “não existe tal oração
supersticiosa no Novo Testamento”, referindo-se à prática de fazer as
pessoas “aceitarem Jesus” após repetirem uma oração feita por um pastor
ou alguém que lhes pregou o evangelho.
“Estou convencido de que muitas pessoas em nossas igrejas estão
simplesmente perdendo o sentido da vida cristã e que muito disso tem a
ver com o que nós lhes vendemos como o Evangelho.
Ou seja, esta oração,
“aceite Jesus em seu coração, convide Cristo em sua vida está construída
sobre areia movediça e corre o risco de desiludir milhões de almas”,
disse ele.
Alguns meses depois, ele ainda continua se defendendo das acusações
de evangélicos e líderes que contestam essa afirmação, inclusive
lideranças da Convenção Batista do Sul, a qual ele pertence.
Enquanto alguns, segundo ele, o criticam por estar tentando impor o
Calvinismo sobre os batistas, outros aplaudiram sua preocupação que a
igreja entenda que discipulado é uma questão mais profunda, muitas vezes
trocada pela repetição de uma oração e a frequência aos cultos de uma
igreja.
“Meus comentários sobre a ‘oração do pecador’ foram motivados por uma
grande preocupação com a conversão autêntica e a regeneração dos
membros da igreja”, continuou Platt.
Danny Akin, presidente do Seminário Teológico Batista do Sul dos
Estados Unidos, defendeu a posição de David Platt.
Embora acredite que
Platt poderia ter escolhido melhor as palavras antes de chamar de
“superstição” algo tão popular, Akin disse compartilhar da preocupação
do jovem pastor com as apresentações simplórias do evangelho e falsas
conversões.
Mas ele esclareceu que não é contra a “oração do pecador”.
“Eu quero
que todos saibam que fiz todos os meus filhos repetirem a ‘oração do
pecador’ como uma forma de expressar a obra que Deus fez em seus
corações e de como eles se arrependeram de seus pecados e passaram a
confiar em Cristo como seu salvador”, reiterou Akin ao explicar que a
oração pode funcionar como a marca de um começo na vida cristã, mas
nunca como a única coisa necessária para a salvação.
O debate sobre a eficácia da “oração do pecador” chegou até a
liderança dos Batistas do Sul, que acabaram emitindo uma nota oficial
com sua resolução este mês, afirmando que essa oração é “uma expressão
bíblica do arrependimento e da fé”.
Platt curiosamente havia lançado em 2010 um livro que levava o título
de “Radical:
Separando sua fé do sonho americano”, onde chamava a
igreja americana para pensar seu chamado missionário e fugir das
promessas fáceis da chamada teologia da prosperidade.
O livro, que já vendeu mais de um milhão de cópias, voltou a ser procurado graças a toda essa controvérsia.
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