Pastor Roberto Lay, |
Roberto
Lay, “o pastor do movimento em células no Brasil”, é menonita e formado
em teologia com os devidos créditos.
Sua aparência é muito similar com a
de um papai Noel em época de natal, com barba e tudo.
Embora, pra mim,
ele pareça mais com o padre Leonardo Boff, não por ser quase que um
sósia dele, mas pela conversa quase repetitiva e parecida – “a igreja é uma comunidade de base”.
Também podemos dizer que ele é aquele senhorzinho simpático e
caritativo, cheio de afeição e piedade.
Entretanto, a questão toda não
será sobre a pessoa em si de Lay, mas de sua ideologia doutrinária – a
igreja em células ou modelo dos doze.
No início do seminário que
ele ministrava comecei a perceber algumas alterações nada salutares, não
pelo ensinamento de grupos familiares em casas em si, mas em uma
ideologia de animosidade e rancor à igreja instituída – “As igrejas denominacionais são romanizadas e não podem atender os ensinamentos de Jesus, somente as células”.
Nesse início de seu sermão também se falava muito em modelo dos doze,
fato que foi encerrado quando ele foi questionado se tinha algum
envolvimento com Castelhano da Colômbia ou com o Pai Apóstolo Renê Terra
Nova.
Imediatamente ele cessou de falar sobre modelo dos doze e focou
em grupos familiares ou pequenos grupos. Sobre os patriarcas do G12,
disse “eles se desviaram e por isso me afastei deles”.
Seu
sermão ou estudo básico inicia-se lá em Abraão e termina na igreja em
células.
Nesse percurso ele critica severamente o legalismo judaico e de
quebra o compara às igrejas denominacionais – “As igrejas denominacionais é puro legalismo.
As células sim são o mover de Jesus”.
Os ataques são ferrenhos e contraproducentes a cada palavra no decorrer
da sua palestra. Pastores são chamados de sacerdotes ou fariseus e as
igrejas de templos ritualísticos que não podem agradar a Deus – “a igreja não é monumento” (como o prédio que ele estava pregando, um ataque severo contra a denominação que o ouvia).
Em
Constantino (Séculos III e IV) ele faz afirmações sem nenhuma
fundamentação histórica.
Concebe coisas que nunca aconteceram de fato e
sataniza ao máximo o soberano de Roma.
Coloca Constantino de mentor da
igreja institucionalizada – “Constantino inventou a igreja em prédio. A Igreja atual é uma invenção de Constantino e por isso é paganizada”.
O que ele parece desconhecer é que os fatos são bem mais complexos e
com muito mais detalhes.
Na verdade Constantino, no Edito de Milão,
concede liberdade religiosa ao cristianismo que até em tão era
marginalizado por ser uma religião criminosa e sem autorização do estado
para praticar a sua fé.
Outro erro é a afirmação de que o Imperador
instituiu o culto no prédio grande ou em templos.
Na verdade há
evidências de que a Igreja já se reunia desde 250 da era cristã em
prédios maiores seguindo o formato das sinagogas.
Os livros: “Cristianismo Através dos Séculos” de Cairns, “História do Cristianismo” de Paul Johnson e “História Eclesiástica”
de Eusébio de Cesaréia mostram que reuniões em lugares que comportavam
mais pessoas foi uma prática comum da igreja, pois o número de fiéis
sempre aumentava e o espaço físico ficava sempre defasado sendo
necessário ser ampliado.
O problema era a questão da perseguição e por
isso eles precisavam se espalhar em grupos e nas casas nas regiões onde a
fiscalização de Roma era mais intensa.
A Igreja não podia ser muito
indiscreta antes de Constantino e as reuniões em casas e em grupos
pequenos era uma boa solução diante desse quadro de acossamentos.
Aqui
cabe uma ressalva, já que a Igreja nunca dogmatizou o tamanho do grupo
que se reunia, Jesus disse apenas que onde estivesse dois ou três ele
estaria, mas nunca determinou o tamanho do grupo ou delimitou os
aglomerados.
Ele mesmo pregou para multidões bem maiores que cinco mil
pessoas.
Pra Ele as grandes reuniões pareciam producentes e muito úberes
em conteúdo para ser passados aos seus discípulos.
Jesus nunca mensurou
a quantidade máxima de pessoas para se ministrar um ensino bíblico – e
ainda bem.
Quando ele chega à fase da Reforma a coisa começa
desandar mesmo.
O reverendo Lay tem a pachorra de criticar, de maneira
fútil e sem fundamentação, um dos maiores eventos cosmológicos do
cristianismo – A Reforma Protestante.
Pra ele essa Reforma não
significou muita coisa, pois os irmãos não entenderam o que Deus queria.
Na cosmovisão de Lay a Reforma continuou romanizada e muito similar a
Roma pagã.
Todo o trabalho dos reformadores é desdenhado por ele de um
jeito abjeto e triste.
Sua afirmativa de que a Reforma não era o projeto
de Deus e sim as células, é uma ofensa à memória dos mártires que
pereceram nesse momento da história.
Um cristão evangélico que não honra
e respeita a reforma protestante é indigno da fé que professa.
Pra
piorar tudo de vez, ele chama as igrejas que funcionam no modelo
tradicional de eclesiologia de “orfanatão”.
Para Lay uma igreja
tradicional não pode funcionar e o crente inserido neste contexto ou se
desviará ou nem salvo será.
Em uma dramatização bem confrangedora, ele
mostra que os que vivem em células prosperam e nunca se desviam, mas os
que estão romanizados na igreja podem a qualquer momento se desviarem
pra nunca mais se achar.
O pastor que não aceita as células é colocado
como culpado dessa mazela.
A única solução para a cura de uma “igreja
romanizada” ou “denominacional” é o seu desmantelamento em células.
Na
cachimônia de Lay a solução é o desmonte da igreja em células.
Não basta
a igreja ter células, ela precisa ser desmontada em pequenos grupos
autômatos e livres.
Em tais grupos, segundo Lay, deve-se haver toda a
liberdade para que até ocorram batismo e ceia. Qualquer reunião com mais
de doze pessoas pode ser considerado uma forma de romanização e por
isso perigosa.
O engraçado é que Lay vende, entre seus kits de
discipulados, um livro que conta a Biografia de John Wesley.
Será que
ele sabe que nossos ritos de culto evangélico foram desenvolvidos graças
ao trabalho da família Wesley?
Sinceramente não é possível
encontrarmos na Bíblia o modelo em células e muito menos o G12.
Nem um
dos apóstolos tiveram doze discípulos cada um.
Nem Paulo ou Timóteo
estabeleceram a metodologia do G12.
Como arvoram os líderes do G12, isso
foi dado a eles como uma revelação singular para os dias atuais, ou
seja, os profetas do G12 concordam que tal movimento não é
neotestamental.
Mas alguém pode perguntar – a Igreja não pode
praticar reuniões em lares ou ter pequenos grupos?
Na verdade a igreja
sempre, em toda a sua história, praticou reuniões em lares e em formato
de pequenos grupos.
Até hoje a igreja assim continua fazendo.
É de
reuniões em lares que muitas denominações nascem e prosperam.
Então, a
Igreja ter células, pequenos grupos e encontro em lares é perfeitamente
papável, salutar e bíblico.
As células se juntam pra formar o corpo e
assim deve-se encarar a questão e nunca o contrário.
Não se deve
desmontar uma igreja em células, mas as células ou pequenos grupos devem
colaborar para o crescimento denominacional.
Apesar de o Pastor
Roberto Lay ser bem menos radical e heterodoxo que Castelhano ou Terra
Nova, ele não tem uma eclesiologia saudável que contempla os meios para
se chegar ao único e primordial fim – que é levar pessoas à salvação em
Jesus Cristo.
A igreja deve praticar várias modalidades de evangelização
e ser uma comunidade com propósito e metas, sempre levando pessoas ao
evangelho e a soterologia cristocentrica.
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