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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Pastor Roberto Lay e sua visão de igreja em células.

Pastor Roberto Lay,
Roberto Lay, “o pastor do movimento em células no Brasil”, é menonita e formado em teologia com os devidos créditos. 
Sua aparência é muito similar com a de um papai Noel em época de natal, com barba e tudo. 
Embora, pra mim, ele pareça mais com o padre Leonardo Boff, não por ser quase que um sósia dele, mas pela conversa quase repetitiva e parecida – “a igreja é uma comunidade de base”. 

Também podemos dizer que ele é aquele senhorzinho simpático e caritativo, cheio de afeição e piedade. 

Entretanto, a questão toda não será sobre a pessoa em si de Lay, mas de sua ideologia doutrinária – a igreja em células ou modelo dos doze.

No início do seminário que ele ministrava comecei a perceber algumas alterações nada salutares, não pelo ensinamento de grupos familiares em casas em si, mas em uma ideologia de animosidade e rancor à igreja instituída – As igrejas denominacionais são romanizadas e não podem atender os ensinamentos de Jesus, somente as células

Nesse início de seu sermão também se falava muito em modelo dos doze, fato que foi encerrado quando ele foi questionado se tinha algum envolvimento com Castelhano da Colômbia ou com o Pai Apóstolo Renê Terra Nova. 

Imediatamente ele cessou de falar sobre modelo dos doze e focou em grupos familiares ou pequenos grupos. Sobre os patriarcas do G12, disse eles se desviaram e por isso me afastei deles”.

Seu sermão ou estudo básico inicia-se lá em Abraão e termina na igreja em células. 
Nesse percurso ele critica severamente o legalismo judaico e de quebra o compara às igrejas denominacionais – “As igrejas denominacionais é puro legalismo. 

As células sim são o mover de Jesus”

 Os ataques são ferrenhos e contraproducentes a cada palavra no decorrer da sua palestra. Pastores são chamados de sacerdotes ou fariseus e as igrejas de templos ritualísticos que não podem agradar a Deus – “a igreja não é monumento” (como o prédio que ele estava pregando, um ataque severo contra a denominação que o ouvia).

Em Constantino (Séculos III e IV) ele faz afirmações sem nenhuma fundamentação histórica. 
Concebe coisas que nunca aconteceram de fato e sataniza ao máximo o soberano de Roma. 
Coloca Constantino de mentor da igreja institucionalizada – “Constantino inventou a igreja em prédio. A Igreja atual é uma invenção de Constantino e por isso é paganizada”

O que ele parece desconhecer é que os fatos são bem mais complexos e com muito mais detalhes. 
Na verdade Constantino, no Edito de Milão, concede liberdade religiosa ao cristianismo que até em tão era marginalizado por ser uma religião criminosa e sem autorização do estado para praticar a sua fé. 
Outro erro é a afirmação de que o Imperador instituiu o culto no prédio grande ou em templos. 
Na verdade há evidências de que a Igreja já se reunia desde 250 da era cristã em prédios maiores seguindo o formato das sinagogas. 

Os livros: “Cristianismo Através dos Séculos” de Cairns, “História do Cristianismo” de Paul Johnson e “História Eclesiástica” de Eusébio de Cesaréia mostram que reuniões em lugares que comportavam mais pessoas foi uma prática comum da igreja, pois o número de fiéis sempre aumentava e o espaço físico ficava sempre defasado sendo necessário ser ampliado. 

O problema era a questão da perseguição e por isso eles precisavam se espalhar em grupos e nas casas nas regiões onde a fiscalização de Roma era mais intensa. 
A Igreja não podia ser muito indiscreta antes de Constantino e as reuniões em casas e em grupos pequenos era uma boa solução diante desse quadro de acossamentos. 
Aqui cabe uma ressalva, já que a Igreja nunca dogmatizou o tamanho do grupo que se reunia, Jesus disse apenas que onde estivesse dois ou três ele estaria, mas nunca determinou o tamanho do grupo ou delimitou os aglomerados. 

Ele mesmo pregou para multidões bem maiores que cinco mil pessoas. 
Pra Ele as grandes reuniões pareciam producentes e muito úberes em conteúdo para ser passados aos seus discípulos. 
Jesus nunca mensurou a quantidade máxima de pessoas para se ministrar um ensino bíblico – e ainda bem.

Quando ele chega à fase da Reforma a coisa começa desandar mesmo. 
O reverendo Lay tem a pachorra de criticar, de maneira fútil e sem fundamentação, um dos maiores eventos cosmológicos do cristianismo – A Reforma Protestante. 
Pra ele essa Reforma não significou muita coisa, pois os irmãos não entenderam o que Deus queria. 

Na cosmovisão de Lay a Reforma continuou romanizada e muito similar a Roma pagã. 
Todo o trabalho dos reformadores é desdenhado por ele de um jeito abjeto e triste. 
Sua afirmativa de que a Reforma não era o projeto de Deus e sim as células, é uma ofensa à memória dos mártires que pereceram nesse momento da história. 
Um cristão evangélico que não honra e respeita a reforma protestante é indigno da fé que professa.

Pra piorar tudo de vez, ele chama as igrejas que funcionam no modelo tradicional de eclesiologia de “orfanatão”. 
Para Lay uma igreja tradicional não pode funcionar e o crente inserido neste contexto ou se desviará ou nem salvo será. 
Em uma dramatização bem confrangedora, ele mostra que os que vivem em células prosperam e nunca se desviam, mas os que estão romanizados na igreja podem a qualquer momento se desviarem pra nunca mais se achar. 
O pastor que não aceita as células é colocado como culpado dessa mazela. 
A única solução para a cura de uma “igreja romanizada” ou “denominacional” é o seu desmantelamento em células. 
Na cachimônia de Lay a solução é o desmonte da igreja em células. 
Não basta a igreja ter células, ela precisa ser desmontada em pequenos grupos autômatos e livres. 
Em tais grupos, segundo Lay, deve-se haver toda a liberdade para que até ocorram batismo e ceia. Qualquer reunião com mais de doze pessoas pode ser considerado uma forma de romanização e por isso perigosa. 
O engraçado é que Lay vende, entre seus kits de discipulados, um livro que conta a Biografia de John Wesley. 
Será que ele sabe que nossos ritos de culto evangélico foram desenvolvidos graças ao trabalho da família Wesley?

Sinceramente não é possível encontrarmos na Bíblia o modelo em células e muito menos o G12. 
Nem um dos apóstolos tiveram doze discípulos cada um. 
Nem Paulo ou Timóteo estabeleceram a metodologia do G12. 
Como arvoram os líderes do G12, isso foi dado a eles como uma revelação singular para os dias atuais, ou seja, os profetas do G12 concordam que tal movimento não é neotestamental.

Mas alguém pode perguntar – a Igreja não pode praticar reuniões em lares ou ter pequenos grupos? 
Na verdade a igreja sempre, em toda a sua história, praticou reuniões em lares e em formato de pequenos grupos. 
Até hoje a igreja assim continua fazendo. 
É de reuniões em lares que muitas denominações nascem e prosperam. 
Então, a Igreja ter células, pequenos grupos e encontro em lares é perfeitamente papável, salutar e bíblico. 
As células se juntam pra formar o corpo e assim deve-se encarar a questão e nunca o contrário. 
Não se deve desmontar uma igreja em células, mas as células ou pequenos grupos devem colaborar para o crescimento denominacional.

Apesar de o Pastor Roberto Lay ser bem menos radical e heterodoxo que Castelhano ou Terra Nova, ele não tem uma eclesiologia saudável que contempla os meios para se chegar ao único e primordial fim – que é levar pessoas à salvação em Jesus Cristo. 

A igreja deve praticar várias modalidades de evangelização e ser uma comunidade com propósito e metas, sempre levando pessoas ao evangelho e a soterologia cristocentrica.

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