Pastor David Bledsoe critica IURD, IMPD, Igreja da Graça e o movimento neopentecostal como um todo.
Estudioso diz que Igreja Universal presta um "desserviço à fé cristã" |
O
pastor batista David Allen Bledsoe, 44, nasceu no EUA mas vive no
Brasil desde 1998.
Possui um doutorado em Teologia, além de formação em
Administração e Engenharia.
Ele fez uma extensa pesquisa sobre a Igreja
Universal do Reino de Deus.
Passou três anos lendo sobre o assunto,
frequentando cultos da IURD, entrevistando fiéis e líderes.
Seu material
foi publicado no livro Movimento neopentecostal brasileiro: um estudo
de caso, da Editora Hagnos.
Segundo o autor, o trabalho pretende
colaborar com a Igreja brasileira:
“Há poucos estudos que analisam os
ensinos e abordagens neopentecostais com parâmetros evangélicos, sob uma
perspectiva missiológica.
Eu queria verificar se igrejas como a
Universal impulsionam ou prejudicam a evangelização do povo brasileiro e
de outras nações para onde suas igrejas enviam missionários”.
Morando
atualmente em Belo Horizonte (MG) com a mulher e os dois filhos,
Bledsoe deu uma entrevista à revista CRISTIANISMO HOJE, onde fez
declarações contundentes.
“Escolhi a Igreja Universal como foco
porque ela é a manifestação neopentecostal mais reconhecida no país.
Além disso, comecei a me preocupar mais com os membros das igrejas
neopentecostais em relação ao seu entendimento da salvação.
Percebi um
problema grave através de conversas com eles – encontrei muitas pessoas
sinceras e fervorosas, mas com dificuldades em articular uma razão para
sua salvação que se baseasse na fé evangélica”, explica o pesquisador.
Para
ele, as denominações neopentecostais como a Igreja Universal causam
sérios danos à evangelização no Brasil.
Ele aponta alguns motivos para
isso: “primeiro lugar, porque projetam uma caricatura de Cristianismo
diante da sociedade.
Segundo, porque essas organizações religiosas são
muito antropocêntricas e pouco centradas em Cristo – ao contrário, há
uma forte ênfase no diabo, no poder maligno”.
Como o pesquisador
acredita que “é raro ouvir um adepto desse movimento que faça menção ao
nome de Jesus para a base de sua salvação”, sua conclusão é que a Igreja
Universal não é uma denominação evangélica.
Principalmente por que
“propaga uma mensagem distorcida do Evangelho, prendendo seus adeptos em
uma cosmo-visão religiosa popular, em vez de libertá-los dessa artimanha
diabólica.
Ela também emprega rituais religiosos narcisistas e
animistas.
Outra característica que a desqualifica como evangélica é que
não promove laços fraternais esperados para uma igreja baseada no Novo
Testamento”.
O pastor batista assevera que a IURD tem uma postura
característica das seitas, “agindo com aversão e superioridade para com
os outros grupos.
Isso, sem falar na exploração de seus fiéis, tratando
dízimos e ofertas como um ato quase sacramental”.
Sendo assim, as
denominações neopentecostais de mesmo perfil, como a Igreja da Graça e a
Igreja Mundial do Poder de Deus seriam, para ele, “grupos religiosos
populares que saíram do pentecostalismo brasileiro, mas que não tiveram
continuidade em áreas fundamentais para serem incluídos no campo
evangélico”.
Mas reconhece que a igreja liderada pelo bispo Edir
Macedo “cresce no meio de múltiplos escândalos… mesmo diante de seu
declínio revelado no último Censo…
A Universal é associada, na mente do
brasileiro, à Rede Record, a catedrais bonitas em regiões nobres de
grandes cidades e a uma voz de peso em várias camadas da política
nacional”.
Em relação ao futuro, Bledsoe acredita que essas
igrejas continuarão existindo por um motivo simples:
“Sempre teremos
pessoas com problemas físicos, econômicos, conjugais e outras crises
para superar.
Além disso, o brasileiro é naturalmente místico, o que
supera a visão racional das coisas.
As pessoas encontram ali um serviço
especializado, baseado em lemas como “pare de sofrer” ou “aqui o milagre
acontece”.
O estudioso norte-americano defende que falta às
igrejas evangélicas uma identidade doutrinária que possa deixar claro
sua diferença das neopentecostais como a IURD, IMPD, Graça e outras.
Por
isso as igrejas que possuem preocupação com a necessidade de se estudar
a Bíblia e estabelecer doutrina claras, acabam se perdendo em meio ao
crescente número de prédios que ostentam placas dizendo ser uma igreja
evangélica.
“A igreja é um grupo, mas nem todos os grupos são igrejas”, resume.
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