Papa Francisco |
Em
seu primeiro discurso ante o Comitê da Bíblia do Vaticano, o Papa
Francisco afirmou que a Igreja Católica é a única entidade habilitada a
interpretar corretamente as escrituras.
Defendendo a autoridade da
tradição, o Papa afirmou que “a interpretação das escrituras não pode
ser apenas um esforço intelectual individual, mas deve ser sempre
confrontado, inserido e autenticado pela tradição viva da Igreja”.
De acordo com o G1, o Papa jesuíta fez uma longa referência em seu
discurso a um texto do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Constituição
‘Dei Verbum’ (‘A Palavra de Deus’), sobre o papel da Igreja.
O Concílio lembrou com grande clareza: tudo o que está relacionado
com a maneira de interpretar as Escrituras está, em última análise,
sujeito ao julgamento da Igreja, que realiza o seu mandato divino e o
ministério de preservar e interpretar a palavra de Deus – afirmou o
Papa, que disse também que “há uma unidade indissolúvel entre Escritura e
Tradição”.
Reforçando os dogmas da Igreja Católica, o Papa defendeu igualdade de
valor entre a Bíblia e as tradições da igreja, afirmando que elas são
“conjuntas e se comunicam entre elas”, “formando, de certa maneira, uma
única coisa”.
- A Sagrada Tradição transmite a Palavra de Deus plenamente (…).
Desta
forma, a Igreja tira a sua certeza a respeito de todas as coisas
reveladas não só nas Sagradas Escrituras.
Uma como a outra devem ser
aceitas e veneradas com sentimentos semelhantes de piedade e respeito –
completou.
Como conclusão do discurso, o Papa Francisco afirmou estar
denunciando “a insuficiência de qualquer interpretação sugestiva, ou
simplesmente limitada a uma análise incapaz de acolher o significado
global que tem sido construído há séculos pela tradição de todo o povo
de Deus”.
Por declarar que nenhum grupo fora da Igreja Católica teria poder
para interpretar a Bíblia, essas afirmações do Papa se opõem diretamente
à ideia defendida por diversos lideres cristãos de que ele aproximaria católicos e evangélicos, bem como a movimentos existentes dentro do catolicismo que buscam uma renovação estrutural dentro da Igreja.
Um dos grupos católicos que se opõem a essa interpretação é a
“Iniciativa dos Padres”, movimento ao qual já se uniram 3.500 párocos na
Europa e nos Estados Unidos, e que se o papa Francisco não realizar a
modernização da Igreja, os católicos, decepcionados, abandonarão a
religião em massa.
Em um manifesto publicado em 2011, o grupo afirmou ser obrigado a
seguir sua própria consciência e atuar independentemente dos ditados do
Vaticano, “perante a rejeição de Roma de uma reforma que há tempos é
necessária”.
Entre as ideias defendidas pelo grupo, estão a ordenação de
mulheres, dar comunhão a todos os “fiéis de boa vontade”, “inclusive
divorciados” e permitir que também os laicos prediquem a palavra de
Deus.
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