Um dos últimos lançamentos de livros em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, tem deixado muitas pessoas indignadas.
O padre Lauro Trevisan
escreveu no início de março a obra “Kiss – Uma porta para o Céu” e
gerou revolta principalmente nos familiares das vítimas da tragédia.
- (Foto: Divulgação/Editora da Mente)
A
associação que é composta por familiares das vítimas repudiou a
publicação do livro.
Segundo informações do G1, alguns trechos do livro
continham palavras ofensivas e desrespeitosas.
Já foi protocolado em
cartório um ofício extrajudicial que pede o cancelamento de circulação
da obra de Lauro Trevisan.
“O livro busca responder aos por quês
do sofrimento, onde está Deus diante de tanta dor e como reaver a
vontade de viver e a felicidade”, informa o resumo no site da Editora da Mente,
publicadora do livro.
Ele está sendo vendido por 20 reais.
A primeira
edição já foi toda vendida.
Uma segunda edição será lançada essa semana
com as alterações pedidas pela Associação dos Familiares das Vítimas e
Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
Um dos trechos
polêmicos está entre as páginas um e seis.
“No auge da balada celestial,
o Pai perguntou se alguém queria voltar.
Dois ou três disseram que sim e
foram encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os
corpos ao Ginásio de esportes”, está escrito.
O
padre respondeu sobre esse trecho.
“É claro que não entrevistei Deus e
nem que houve pessoas vivas no caminhão frigorífico.
Fiquem tranquilos
quanto a isso.
Trata-se de alegoria.
Eu sempre expliquei que o livro não
é documentário nem reportagem, mas um voo às dimensões transcendentais
da vida.
Para o bem das pessoas que não entenderam a alegoria e tomaram
como realidade ofensiva, informo que já retirei o texto do livro”.
Outra frase polêmica foi:
“Num imenso gesto heroico de solidariedade, a salvar os que agonizavam em meio à fumaça funérea”.
Em
seu Facebook ele justificou o uso da palavra ‘agonizar’.
“O que há de
errado neste texto?
Não aconteceu?
Vou explicar o que significa
agonizar, segundo o dicionário Houaiss, de onde retirei o termo.
‘Agonizar: estar prestes a morrer’.
Todos os que morrem estiveram
prestes a morrer”.
Autor
de vários livros, o padre Trevisan, justificou a intenção da obra.
“O
livro apenas tem a única intenção de ajudar a confortar os que sofrem, a
reanimar Santa Maria, e a oferecer lições à humanidade para tornar o
mundo melhor.
Não é documentário nem reportagem, mas uma mensagem de
conteúdo psicológico-espiritual.
Se algum texto desfavorece essa
intenção é claro que retiro, pois não estaria cumprindo sua finalidade a
que me propus”, escreveu em sua página no Facebook.
“Meu
desejo é que todos se sintam confortados.
Essa é a razão da mensagem.
Por isso já retirei do livro essas duas passagens.
Longe de mim criar
polêmicas ou machucar quem quer que seja.
Afinal, somos todos irmãos”,
postou sobre os trechos que geraram a polêmica.
A tragédia na Boate Kiss aconteceu em 27 de janeiro deste ano.
O incidente deixou 241 mortos e centenas de feridos.
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