Uma
análise preliminar de dados coletados no LHC, maior acelerador de
partículas do mundo, desmonstrou que ela está ‘malcomportada’.
O
trabalho, feito por Oscar Éboli, do Instituto de Física da USP, sugere
que o chamado bóson de Higgs, que seria responsável por dar massa a tudo
o que existe, não está se portando como deveria, a julgar pela teoria
que previu sua existência, o Modelo Padrão.
Se confirmado, o comportamento anômalo
da partícula seria a deixa para uma nova era da física.
Essas
informações forma divulgadas em matéria nesta sexta-feira (10), no site
da Folha.
A descoberta do possível bóson,
anunciada com estardalhaço no mês passado, foi comemorada como a
finalização de uma etapa gloriosa no estudo das partículas fundamentais
da matéria.
Sua existência, em resumo, explicaria porque o Sol pode
produzir sua energia e criaturas como nós podem existir.
Dada sua importância para a consistência
do Universo (e fazendo uma analogia com a história bíblica da torre de
Babel), o físico ganhador do Nobel Leon Lederman deu ao bóson o apelido
de “partícula de Deus”.
Para analisar o bóson de Higgs, é
preciso primeiro produzir uma colisão entre prótons em altíssima
velocidade -função primordial do LHC.
Então, do impacto de alta energia,
surgem montes de novas partículas, dentre as quais o Higgs, que
rapidamente decai, como se diz.
É que, por ser muito instável, o bóson
se “decompõe” quando a energia da colisão diminui. Aparecem, no lugar
dele, outras partículas.
É esse subproduto que pode ser detectado e
indicar a existência do bóson de Higgs.
Contudo, isso exige a realização de muitos impactos, até que as estatísticas comecem a sugerir a presença do procurado bóson.
Os dados coletados até aqui são
suficientes para apontar a existência da partícula, mas suas
características específicas ainda não puderam ser determinadas.
”Estamos
ainda num estágio inicial da exploração das propriedades da dela”, diz
Éboli.
“Contudo, há uma indicação de que o Higgs decaia mais em dois
fótons (partículas de luz) do que seria esperado no Modelo Padrão”.
Os resultados dessa análise preliminar foram divulgados no Arxiv.org, repositório de estudos de física na internet, e abordados na revista Pesquisa Fapesp.
Surpresa bem-vinda.
A novidade anima os cientistas.
“Para a
maioria dos físicos, o Modelo Padrão é uma boa representação da
natureza, mas não é a teoria final”, afirma Éboli.
”Se de fato for
confirmado que o Higgs está decaindo mais que o esperado em dois fótons,
isso pode significar que novas partículas podem estar dentro do alcance
de descoberta do LHC”.
Poderia ser o primeiro vislumbre de um
novo “zoológico” de tijolos elementares da matéria.
Previa-se que essas
partículas exóticas começassem a aparecer com as energias elevadas do
LHC.
Tudo muito interessante, mas nada
resolvido.
”É um trabalho muito sério, mas eu acho que ainda é muito
cedo para se tirar qualquer conclusão se se trata ou não do Higgs
padrão”, afirma Sérgio Novaes, pesquisador da Unesp que participa de um
dos experimentos que detectaram o bóson de Higgs.
“Até o final do ano as coisas estarão um pouco mais claras”, avalia Sérgio.
Fonte: Folha
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