(No destaque) Paolo Gabriele é considerado um homem reservado, quase tímido. Ele tinha acesso aos aposentos mais privados no Palácio Apostólico do Vaticano - o apartamento do Papa |
O Vaticano anunciou nesta segunda-feira
(13) que abrirá um julgamento por vazamento de documentos reservados do
papa Bento 16 contra o mordomo do pontífice, Paolo Gabriele, e seu
cúmplice, o técnico em informática Claudio Sciarpelletti, cujo nome é
mencionado pela primeira vez no escândalo.
O mordomo e o técnico, que é funcionário
da Secretaria de Estado da Santa Sé, governo central do Vaticano, serão
julgados por “roubo agravado” e “cumplicidade” neste caso conhecido
como o escândalo “Vatileaks“, informou o juiz de instrução, Piero Bonnet.
Casado e pai de dois filhos, Paolo
Gabriele era um dos poucos laicos com acesso aos apartamentos do Papa.
Ele chegou a ser preso, mas saiu da prisão no dia 21 de julho e se
encontra desde então em prisão domiciliar.
Segundo a denúncia judicial de 35
páginas, Gabriele contou aos investigadores que se apropriou dos
documentos por ter visto “o mal e a corrupção em todo lugar da Igreja”.
Acrescentou que quis cortar o mal pela raiz, “porque o papa não estava
suficientemente informado”.
Num trecho alusivo à saúde mental do
acusado, Gabriele declarou aos investigadores que, depois que começou a
copiar e divulgar os documentos, chegou “a um ponto sem volta, e não
conseguia mais me controlar”.
”Eu tinha certeza de que um choque, talvez
usando a mídia, poderia ser uma coisa saudável para recolocar a Igreja
nos trilhos”.
A denúncia também revelou que um cheque
de 100 mil euros dado ao papa, uma pepita de ouro e um livro do século
16 foram achados na casa de Gabriele.
O mordomo disse que pretendia
devolver os objetos.
Os documentos vazados neste ano
apontavam caos de corrupção em negócios do Vaticano com empresas
italianas, incluindo serviços superfaturados, e detalhavam rivalidades
entre cardeais e conflitos a respeito da administração do banco do
Vaticano.
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