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domingo, 22 de abril de 2012

Homens gays são impedidos de doar sangue.

Uma norma nacional considera homens que tenham se relacionado sexualmente com outros homens no período de 12 meses inaptos a doar sangue.

A justificativa para a existência da norma são estudos internacionais que mostram que o risco de contágio pelo vírus da Aids (HIV) é 18 vezes maior em relações entre homens homossexuais, quando comparado com o risco em relações heterossexuais.

De acordo com os estudos, o que aumenta o risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST) é a prática do sexo anal.

Heterossexuais que, em igual período, se relacionaram com várias parceiras também são considerados inaptos. 

Já para as mulheres homossexuais não há restrições, uma vez que os estudos concluíram que não há aumento do risco de contaminação.

A regra vigora há mais de sete anos e vale para todos os hemocentros, apesar de uma portaria proibir que a orientação sexual seja usada como critério para seleção de doadores. 

A portaria foi baixada em junho de 2011, pelo Ministério da Saúde.

“Não deverá haver, no processo de triagem e coleta de sangue, manifestação de preconceito e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, hábitos de vida, atividade profissional, condição socioeconômica, raça, cor e etnia”, diz a portaria. 

Mas, quando chegam aos hemocentros, os homossexuais masculinos com vida sexual ativa continuam impedidos de fazer doações.

O produtor cultural Danilo França, de 24 anos, decidiu doar sangue pela primeira vez a partir de uma campanha organizada pela empresa em que trabalha. 

Junto com os colegas, ele foi ao hemocentro, preencheu a ficha de inscrição e, durante a entrevista, descobriu que não poderia ser doador por manter um relacionamento homossexual.

“Fiquei atordoado, sem graça. 

Fiquei chateado e me senti discriminado”, declarou o produtor em entrevista à Agência Brasil.

Diante da situação por que França passou, e que se repete com frequência com homens homossexuais em todo o Brasil, entidades de defesa dos direitos dos homossexuais querem retomar o debate sobre o tema e derrubar a restrição na prática.

“A cada fato novo, a gente tem que abrir a discussão. 

Se a pessoa usa preservativo e não tem comportamento de risco, não pode ser impedida de doar”, argumentou o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) em declaração à Agência Brasil.

Já o coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez, alega que a prática existe para garantir a segurança do paciente que receberá o sangue. 

À Agência Brasil, ele também falou que a norma brasileira é avançada, quando comparada à legislação de outros países, com os EUA, por exemplo, onde um homem que tenha tido no mínimo uma relação sexual com outro homem fica proibido de ser doador por toda a vida.

Desde 2011, o Governo Federal tem implantado novos sistemas e exames para garantir mais segurança aos pacientes que recebem sangue e superar esse tipo de situação.

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