Levar
as pessoas a pensarem de modo mais "racional", por meio de influências
sutis, reduz suas tendências religiosas.
Foi o que concluíram os
pesquisadores Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Colúmbia
Britânica (Canadá).
Norenzayan e Gervais estão entre os mais destacados
estudiosos da psicologia da religião.
- (Foto: Divulgação)
Seus estudos
mais recentes mostraram que pessoas constantemente expostas a
influências sutis que as levem a pensar de modo racional tendem a ser
menos religiosos.
“O Pensador”, célebre imagem de um homem refletindo,
por exemplo, pode ser uma dessas influências.
Ler um texto em letras
miúdas também é capaz de estimular o pensamento analítico.
O
estudo, publicado na revista "Science", partiu da hipótese de que
pessoas religiosas preferem usar a intuição ao processar dados, enquanto
os não religiosos usam o raciocínio detalhado.
Essa hipótese foi
formulada a partir de outros estudos, que mostram, por exemplo, que
independente de QI ou nível educacional, os religiosos “caem” com mais
facilidade em "pegadinhas" lógicas.
A dupla de pesquisadores formulou a metodologia da pesquisa
combinando esse dado a uma técnica comum de psicologia experimental
chamada "priming", que envolve o uso de um estímulo prévio para induzir a
mente do participante a reagir de determinada maneira.
No estudo
canadense, os voluntários tinham que realizar algumas tarefas.
Metade
delas poderia levar a um "priming" com o objetivo de estimular
pensamento analítico, já a outra metade das atividades era neutra.
Ao final das tarefas, os voluntários eram questionados sobre sua religiosidade.
O que os pesquisadores descrevem é que os participantes do primeiro
grupo (que tiveram o pensamento analítico estimulado) tiveram menos
propensão a se declarar religiosos.
Para os pesquisadores, esse resultado pode ser explicado pelo fato de a religiosidade depender de processos mentais intuitivos e o raciocínio analítico possivelmente bloqueia esses processos.
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