A
oração de Paulo pelos crentes efésios é muito específica.
Ele pede a
Deus que lhes dê um entendimento e conhecimento mais profundo acerca de
Cristo, e seria bom se buscássemos o mesmo para a nossa vida.
Isso não é
algo que se possa aprender num seminário ou mesmo num estudo bíblico ou
na leitura de livros devocionais.
O desejo de Paulo era que eles
recebessem de Deus, voluntariamente, o “espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele” (Ef 1.17-23).
Especificamente, Paulo ora para que eles conheçam a “suprema grandeza” do
poder que Deus queria demonstrar na vida deles.
A explicação de Paulo
sobre esse assunto é muito esclarecedora.
Paulo nos fala sobre esse
poder em Filipenses 3.
Esse poder era, de fato, o que ele tanto desejava
para si mesmo.
Ele o chama de “o poder da sua ressurreição” e
declarou:
“Para o conhecer, e o poder (dynamis) da sua
ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele
na sua morte; para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os
mortos.
Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição;
mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado
por Cristo Jesus” (Fp 3.10-12).
Será que Paulo estava em
dúvida quanto à sua salvação, achando que talvez não estivesse
qualificado para a ressurreição dos crentes no Arrebatamento?
Dificilmente!
Ele está nos dizendo que a Ressurreição não é apenas um
evento histórico do qual nos lembramos com satisfação e alegria, mas
também o maior acontecimento da história (passada, presente e futura) de
todo o cosmos!
O maior evento de todos os tempos no universo é também
um dos mais difíceis de entender.
Nós falamos sobre esse acontecimento
de uma forma extremamente trivial, mas ele é o pivô em torno do qual
toda a história se articula e que a dividiu para sempre em duas partes.
A
divisão do tempo não deveria ser apenas a.C. (antes de Cristo) e d.C.
(depois de Cristo); deveria ser a.R. (antes da Ressurreição) e d.R.
(depois da Ressurreição).
Diante dos telescópios e dos meios
tecnológicos de que dispomos hoje para aparentemente esquadrinhar os
mais remotos cantos do universo, as palavras de Davi no Salmo 19 assumem
um significado ainda mais profundo:
“Os céus proclamam a glória de Deus [...]”.
A
Criação é a maior expressão visível de poder, e nós nos curvamos em
espanto e adoração quando pensamos no Deus infinito que está por trás de
tudo o que se pode ver.
Mas Paulo diz que isso não é nada em
comparação com o poder demonstrado na Ressurreição de Jesus Cristo, e
esse é o grande poder que Paulo queria que os efésios experimentassem
diariamente.
De fato, Paulo nos diz que a Ressurreição é a maior
prova do poder de Deus jamais apresentada e cuja grandeza não pode ser
superada.
Precisamos entender o porquê dessa afirmação e por que Paulo
orou daquela forma.
Afinal de contas, “A vida estava nele [em Cristo]” (Jo 1.4).
Jesus disse: “[...] tenho poder para a dar [minha vida] e poder para tornar a tomá-la.
Este mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10.18, ARC).
Então, por que foi necessário um poder tão grande para ressuscitar Cristo dentre os mortos?
Durante
sua vida na terra, e antes de sua própria ressurreição, Cristo havia
ressuscitado muitos dentre os mortos.
Mas aqueles a quem ele
ressuscitou, como Lázaro (Jo 11.1-43) e o filho da viúva de Naim (Lc
7.11-16), morreram novamente após alguns dias ou anos para aguardar a
ressurreição de todos os crentes no Arrebatamento.
Como o Doador
da vida, por intermédio de quem foram criadas todas as coisas (Jo 1.3),
poderia ser morto?
Temos aqui uma aparente contradição.
Foi Cristo mesmo
quem disse, a respeito de sua vida:
“Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (Jo 10.18).
Entretanto, Pedro acusa os judeus de terem matado Jesus: “vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos”
(At 2.23). Dirigindo-se ao conselho rabínico, Estêvão usa uma linguagem ainda mais forte: “do qual vós agora vos tornastes traidores e assassinos [...]” (At 7.52).
O
motivo pelo qual foi necessário usar o maior poder jamais aplicado a
fim de ressuscitar a Cristo dentre os mortos só pode estar associado ao
tipo de morte que Ele morreu.
Deus havia declarado que a penalidade para
o pecado é a morte, que é a eterna separação de Deus.
Mas será que esse
castigo não é forte demais?
Adão e Eva foram expulsos do jardim
paradisíaco por seu Criador (que os havia colocado ali) por causa de uma
infração aparentemente pequena: comer um determinado fruto. Isso é
motivo para um castigo eterno?
Nós tratamos o pecado com muito
descaso, vendo apenas o ato em si e esquecendo contra quem ele é
cometido.
O pecado de Adão e Eva não foi apenas comer o fruto proibido.
Foi desafiar e se rebelar deliberadamente contra Aquele que havia criado
não só a eles, mas a todo o universo.
Na nossa perspectiva, o pecado de
Davi – adultério, assassinato e mentira – foi muito mais condenável.
Mas Davi sabia o que era o pecado:
“Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos” (Sl 51.4).
Em
sua essência, o pecado é uma traição intencional, uma rebelião clara e
desafiadora contra o Criador e Governador do universo.
Precisamos nos
lembrar desse fato.
A maioria dos cristãos que, ao serem convencidos
pela consciência, caem com o rosto em terra e confessam seus pecados,
não está realmente confessando o horror do que fizeram.
Não basta se
arrepender dos atos praticados.
É preciso confessar também que, não
importa quão trivial nos pareça o ato que praticamos, o que nós fizemos
foi repetir a traição de Adão e Eva contra o Senhor Deus.
Se não reconhecermos isso com convicção profunda no coração, a confissão será incompleta.
Agora, começamos a entender por que foi necessária “a suprema grandeza do seu poder” (Ef 1.19) para
ressuscitar a Cristo dentre os mortos.
O escritor de um hino disse com
muita propriedade:
“Foi o enorme fardo dos nossos pecados que te deitou
no túmulo, ó Senhor da vida”.
O que quer dizer isso?
Como poderiam os
nossos pecados ser lançados sobre o Cristo sem pecado?
Isso certamente
não foi feito quando Pilatos condenou a Cristo, nem quando os ímpios
soldados romanos O açoitaram e O pregaram numa cruz.
Contudo, foi isso
que o filme antibíblico A Paixão de Cristo (de Mel Gibson) retratou – e o filme foi elogiado por milhares de evangélicos, entre eles centenas de líderes.
O
que realmente aconteceu na Cruz não só não poderia ser retratado num
filme como, ao ser omitido, foi negado por ele. Isaías escreveu:
“Todavia, ao senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado” (Is 53.10).
Claramente,
o que os homens fizeram com Cristo não teve nada a ver com o Senhor
moê-lo e fazer de Sua alma um sacrifício pelo pecado.
O pecado tem uma
dimensão moral e espiritual que Cristo teve que suportar por todo
indivíduo, e nenhum outro poderia fazê-lo.
O nosso Salvador não
tinha que ser apenas perfeitamente sem pecado para poder pagar pelos
pecados dos outros – ele tinha que ser infinito.
Ninguém, a não ser
Deus, poderia satisfazer a justiça dessa forma.
Mas a sentença havia
sido pronunciada contra ahumanidade.
Portanto, Deus, apesar de infinito, não poderia pagar essa pena, a não ser que se tornasse totalmente homem sem deixar de ser Deus.
Por isso a necessidade do primeiro e único nascimento virginal.
Os
ateus alegam que seria injusto um inocente pagar pelos culpados.
Isso
seria verdade, não fosse por outra dimensão da Cruz.
Para os que crêem,
Deus considera a morte e a ressurreição de Cristo como se fosse a deles.
Todo aquele que crê sofre uma milagrosa transformação interior que foi
prometida por Cristo e que Ele chamou de “nascer de novo” (Jo 3.3-16). Isso não é um clichê, é a realidade.
Pilatos não tinha idéia do que estava dizendo quando apresentou Cristo à multidão agitada:
“Eis o homem!” Aquele era o homem como Deus queria que fosse.
Paulo o chamou de “o segundo homem” e de “o último Adão” (1 Co 15.45,47).
Em
outras palavras, desde Adão – criado pela mão de Deus no Jardim, sem
contaminação – até Jesus, o último Adão – formado no útero de uma
virgem, sem contaminação – não havia ninguém de quem se pudesse dizer:
“Eis o homem como Deus queria que fosse”.
“O enorme fardo dos
nossos pecados”, que teria mantido a humanidade no Lago de Fogo para
sempre, poderia ser suportado pelo Ser infinito na Cruz, onde Ele se
colocou entre Deus e o Homem.
Se a Justiça Infinita não tivesse sido
satisfeita através do pagamento integral dos nossos pecados efetuado por
Cristo, Ele não poderia ter saído daquele sepulcro.
A penalidade
para o pecado é ser banido eternamente da presença de Deus e de todo o
seu universo e lançado no exílio no Lago de Fogo.
Esse é o castigo
determinado pela Suprema Corte de Deus para a alta traição contra o
Criador de todas as coisas.
Um dos maiores horrores do Lago de Fogo será
o fato de que mesmo naquele lugar de tormento os que odeiam a Deus não
conseguirão escapar dEle.
Ele estará lá, na consciência dos perdidos,
consciências que não poderão mais se esconder atrás de nenhuma desculpa.
Não haverá como fugir da verdade que eles rejeitaram e que os
atormentará eternamente. Davi afirmou:“
Se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás” (Sl 139.8).
Nenhum
ser finito poderia pagar a penalidade exigida pela infinita justiça de
Deus.
Nenhum ser humano que tentasse pagar por seus próprios pecados
poderia dizer finalmente, como exclamou Cristo em triunfo na Cruz:
“Está
consumado!
A dívida foi paga”.
Mas o preço tinhaque ser pago integralmente.
De que outro modo os portões da justiça se abririam?
No Livro de Jó, temos uma noção da verdadeira luta entre Satanás e Deus pelo domínio do Cosmo.
“Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles” (Jó 1.6).
Essa
narrativa espantosa nos dá uma idéia do que está envolvido na batalha
entre Deus e Satanás.
É um conflito de proporções cósmicas pelo controle
do universo, e o homem é o prêmio que ambos os lados desejam.
É uma
batalha bem real, cujo objetivo é conquistar o coração e a afeição do
homem.
Mas é bom lembrar que não há nenhuma garantia de que Deus
triunfará em cada caso individual.
Com o dom do livre arbítrio, cabe a
cada ser humano escolher de que lado ficará nessa batalha.
Os cristãos têm um papel fundamental na derrota final de Satanás:
“Eles, pois, o venceram [a antiga serpente, que se chama Diabo e Satanás – Ap 12.9] por
causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que
deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11).
Com o amor de Cristo em nosso coração, seguimos o exemplo que Ele mesmo deixou para nós:
“Pois
ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não
fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pe
2.21-25).
Satanás continua a entrar na presença de Deus
desafiadoramente, como fazia na época de Jó.
Como podemos ter certeza
disso?
Pelo fato de que ele ainda acusa os irmãos diante do trono de
Deus dia e noite, e continuará fazendo isso até o fim (Ap 12.10).
Como
já dissemos certa vez, e sempre é bom repetir, Satanás é como um
presidente no fim do mandato.
Ele ainda pode andar livremente pelos
corredores do poder e tem bastante influência por trás dos panos.
Ele
ainda não foi expulso do céu, mas esse dia está chegando:
“Houve
peleja no céu.
Miguel e os seus anjos pelejaram contra o dragão.
Também
pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se
achou no céu o lugar deles.
E foi expulso o grande dragão, a antiga
serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim,
foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12.7-9).
Como Satanás será expulso no final?
Existe um velho hino que expressa com simplicidade e beleza o que a Escritura retrata:
Em
fraqueza, como um derrotado, Ele conquistou a coroa da vitória;
Permitindo que pisassem nele, colocou todos os nossos inimigos sob seus
pés.
Ele abateu o poder de Satanás; Feito pecado, derrotou o pecado.
Curvou-se ante o sepulcro, destruiu-o também; e, ao morrer, matou a
morte.
Satanás não consegue entender como Cristo, com brandura e
aparente fraqueza, pôde triunfar sobre ele.
Ele fica confuso com tudo
que diz respeito à Cruz.
Primeiro, ele inspirou Pedro para impedir
Cristo de ir para a Cruz:
“Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá” (Mt 16.21-22).
Sabemos que Satanás inspirou Pedro por causa da resposta de Cristo:
“Arreda, Satanás!”
Depois, ele inspirou Judas para entregar Jesus aos rabinos para que eles pudessem conseguir Sua crucificação:
“Entrou nele Satanás” (Jo 13.27).
Até hoje, Satanás não entendeu nada.
Na
minha opinião, Satanás realmente acha que pode sair vencedor dessa
batalha pelos corações e mentes da humanidade.
E por que não?
Ele
oferece exatamente aquilo que treinou o homem para cobiçar: riqueza,
bens, prazer hedonista, sexo livre, popularidade, fama, drogas e álcool
em abundância, satisfação de todos os seus desejos sensuais.
Mas, apesar
disso, multidões preferem seguir a Cristo, embora Ele ofereça o ódio e a
rejeição do mundo, com perseguição e sofrimento – mas também a
eternidade em sua presença, onde há felicidade verdadeira:
Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11).
E
o que acontece com os que fazem a escolha errada e preferem juntar-se a
Satanás em sua traição?
Deus não tem prazer em castigar os perversos
(Ez 33.11), mas a punição de cada um é de acordo com seu crime.
Quando
lemos o que os líderes ateus dizem a respeito de Deus em flagrante e
desafiadora rebeldia, temos certeza de que eles arrancariam Deus de Seu
trono se pudessem.
Eles odeiam a Deus. Sem dúvida, o tormento
eterno no Lago de Fogo por causa de sua traição será a colheita daquilo
que eles mesmos semearam.
Veja o que disse Richard Dawkins, líder
do movimento do Novo Ateísmo, num debate com John Lennox, um cristão
fervoroso e também professor de Oxford, cientista com dois Ph.D.s e que,
em seu comentário final, deu testemunho de sua fé em Cristo e na
ressurreição de nosso Senhor:
“Sim, bem, esse pedacinho final” –
disse Dawkins, com os lábios encurvados de desprezo, a voz gotejando
veneno – “entrega o jogo todo, não?
Toda aquela história de ciência e
física… tudo isso é muito grandioso e maravilhoso, e então, de repente,
voltamos à ressurreição de Jesus.
Isso é tão insignificante, tão
trivial, tão local, tão sem imaginação – tão indigno do universo”.
Mas,
para Deus, a Ressurreição foi a maior demonstração de Sua majestade e
poder.
Que lamentável exibição do ódio mortal que corrói Dawkins!
Esse
pagão, que obviamente adora a criação ao invés do Criador (Rm 1.21-23),
está espumando de raiva.
Essa manifestação de seu ódio a Deus vai zombar
dele eternamente (Pv 1.20-33), enquanto os céus ressoarão com o eterno
mas sempre renovado hino de louvor a Deus e ao Cordeiro:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor”.
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