A interpretação tradicional de que o casamento bíblico é estritamente
para casais heterossexuais está sendo questionada por um grupo de
estudiosos do Estado norte-americano de Iowa.
Um artigo publicado pelo grupo num jornal local diz que a Bíblia não
restringe o casamento à união entre um homem e uma mulher.
Os
pesquisadores Hector Avalos, Robert R. Cargill e Kenneth Atkinson,
responsáveis pelo artigo, são professores nas faculdades Iowa State
University, University of Iowa e University of Northern Iowa,
respectivamente.
Um trecho do texto diz que “o debate sobre a igualdade no casamento
muitas vezes é centrado num apelo à Bíblia”, e segundo os autores,
“infelizmente, tais apelos, muitas vezes refletem uma falta de
conhecimento bíblico por parte daqueles que usam esse complexo conjunto
de textos como uma autoridade para definir a política social moderna”.
Os pesquisadores afirmam que a definição bíblica de casamento pode
ser confusa e até contraditória, e que o principal exemplo dessa
possibilidade é a postura defendida pela Bíblia no Velho Testamento a
respeito da poligamia, prática adotada por Abraão, Davi e Salomão, entre
outros.
Avalos, Cargill e Atkinson defendem a ideia de que a Bíblia não
menciona apenas a monogamia tradicional como opção, mas também a
castração autoinfringida, o celibato, e até o casamento de vítimas de
estupro com seus abusadores.
O professor Cargill disse numa entrevista ao Huffington Post que a
proposta do artigo de questionamento a respeito do casamento tradicional
é que ele seja uma “resposta educada” para a afirmação de que a Bíblia
restringe a união de pessoas a casais hetero.
Segundo o professor, “é óbvio para os estudiosos, e até alguns
líderes religiosos, que a Bíblia defende uma ampla gama de
relacionamentos”.
Cargill observou, no entanto, que os pesquisadores
estão ‘aterrorizados’ com o potencial de reação que essa afirmação
causar, mas que mesmo assim, sua constatação é de que o “argumento
contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo é totalmente
insustentável na Bíblia”.
“Nós todos sabemos disso, mas muito poucos estudiosos estão falando
sobre isso, porque eles não querem polêmica”, disse.
“A maioria das
pessoas não são idiotas, eles querem tomar uma decisão informada”,
concluiu.
Diversos veículos de imprensa nos Estados Unidos e em países de
língua espanhola repercutiram as declarações dos professores.
O site
Acontecer Cristiano estampou a notícia com a manchete “Inacreditável”.
Como reação, a congressista norte-americana Michelle Bachmann, do
Partido Republicano, convocou os cristãos a “embarcarem numa guerra
espiritual contra o fenômeno” do casamento gay.
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