Como explicar a menção da luz em Gênesis 1.3 se o sol fora criado somente no quarto dia (Gn 1.14)?
E disse Deus: Haja luz; e houve luz (Gn 3.1).
Antes
de respondermos, é necessário considerarmos a premissa de que a Bíblia é
a verdade revelada por inspiração divina, portanto, é infalível,
inequívoca e o árbitro final em todas as discussões.
Sua autoridade é
derivada do seu Autor e não das opiniões dos homens (Rm 15.4; 2Tm
3.15,16; 2Pe 1.21).
Tendo em mente estas ponderações, podemos nos
direcionar para a solução do suposto problema.
Primeiramente,
precisamos ter em mente que toda a criação se deu de forma repentina e
proveniente do nada, ou seja, não derivam de elementos criados já
existentes, mas apenas de Deus.
É o que os estudiosos denominam de
creatio êx nihilo, não sendo assim procedente de uma cadeia evolutiva.
Houve um tempo em que a luz não existia, porém, a Bíblia nos afirma que,
em determinado tempo, ela veio a existir.
O mesmo se deu com todas as
coisas criadas por Deus (Sl 33.6-9; Hb 11.3).
Mas o que era então essa
luz que existia antes do Sol e demais luminares celestes?
Dar uma
resposta definitiva a esse respeito não é uma tarefa simples, até mesmo
para os mais peritos no assunto.
Entretanto, podemos inferir algumas
conclusões.
Há dois posicionamentos principais entre os estudiosos
quanto a esta questão.
O primeiro destaca a relevância de Deus ter
criado a luz antes do Sol.
Os defensores desta corrente apontam para a
importância de se notar que o nome “sol” fora dado a essa estrela apenas
em Gênesis 15.12, o que para estes estudiosos significaria uma resposta
antecipada de Deus contra a adoração desse ser inanimado.
Muitos povos
pagãos da Antiguidade, principalmente os egípcios, adoravam o Sol como
uma divindade, porém, antes de sua existência, Deus já existia em toda a
sua glória (Sl 90.2; 102.25-27; 1Tm 1.17; 6.16).
Diante disso,
entender-se-ia que a luz a que se refere Gênesis 1.4 é a manifestação da
glória de Deus em forma de luz (1Jo 1.5), antes mesmo da criação dos
seres animados e inanimados.
Assim, Deus revela ao homem que Ele é
superior a tudo quanto existe e se move sobre a terra.
Isso também serve
para mostrar que as coisas criadas não são divindades, portanto, não
são divinas (doutrina conhecida como “panteísmo”), embora a criação atue
como prova suficiente e cabal da existência de Deus (Sl 19.1-6; Rm
1.20).
Outro posicionamento, representado pelo apologista Norman
Geisler, lembra que “o Sol não é a única fonte de luz no Universo.
Além
disso, é possível que ele já existisse desde o primeiro dia, tendo
somente aparecido ou se feito visível (com a dissipação da neblina) no
quarto dia.
Vemos luz num dia nublado, mesmo quando não nos é possível
ver o Sol”.
Referências bibliográficas:
GEISLER, Normam & HOWE, Thomas. Manual popular de dúvidas, enigmas e “contradições” da Bíblia. Editora Mundo Cristão, 1999.
GEISLER, Normam & RHODES, Ron. Resposta às seitas. CPAD, 2000.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário teológico. CPAD, 1996.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Candeia, 1997.
Bíblia de Estudo de Genebra. Editora Cultura Cristã, 1999.
Bíblia de Estudo Almeida. SBB, 1999.
Preparado por Gilson Barbosa
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