Os
impactos da chamada Primavera Árabe – uma série de manifestações e
conflitos nos países muçulmanos que vem ocorrendo desde o ano passado –
levaram autoridades em todo mundo a repensar o sistema de segurança para
as populações civis.
O tema é o principal assunto da 9ª
Conferência de Segurança Internacional do Forte de Copacabana, no Rio de
Janeiro.
Promovida pela Fundação Konrad Adenauer e pelo Centro
Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), a conferência ocorre
nesta quarta-feira (19).
“A Primavera Árabe mostra que há
necessidade de repensar a maneira de agir no contexto internacional”,
disse à Agência Brasil, o representante da Fundação Konrad Adenauer no
Brasil, Felix Dane.
Segundo ele, a conferência ocorrerá em duas etapas:
na primeira, haverá a discussão sobre a perspectiva filosófica de adoção
de uma estratégia global e a segunda destina-se a definir ferramentas
para a proteção de civis.
O genocídio em Ruanda foi um massacre realizado por extremistas hutus contra tutsis e hutus moderados, em Ruanda, entre 6 de abril e 4 de julho de 1994 |
Mencionado os episódios recentes da
Síria e Líbia, onde os confrontos deixaram mortos, feridos e vítimas de
violações dos direitos humanos, Dane ressaltou a necessidade de se
promover uma discussão global sobre novas estratégias de defesa dos
civis.
De acordo com ele, as conclusões da conferência indicarão
propostas a serem encaminhadas aos governos que enviaram representantes
para as discussões no Rio.
A expectativa é reunir especialistas das
áreas militar, acadêmica, diplomática e política de vários países, além
de organizações regionais e mundiais, inclusive da Organização das
Nações Unidas (ONU).
Uma das palestras mais esperadas é a do
subsecretário-geral do Departamento de Operações de Paz das Nações
Unidas, Edmond Mule.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da
Presidência da República, Guilherme Patriota, representa o Brasil nos
debates.
Dane disse que o conceito de
“responsabilidade da proteção” passou a ter prioridade a partir do
massacre em Ruanda, na África, em 1994, envolvendo extremistas hutus e
tutsis, e que matou mais de 500 mil pessoas.
“Mas, com essa responsabilidade, vêm
outros problemas, pois quando um país ou grupo [de países] está em
conflito tem o problema da população civil, que acaba morrendo”, disse
Dane, salientando que esses conceitos devem ser mais desenvolvidos para
garantir a proteção como um todo.
Segundo Dane, será reforçado o debate
sobre a necessidade de intensificar as parcerias entre o Brasil e a
Europa.
“Esse é o foco para nós, pois acreditamos que o Brasil e a
Europa são parceiros naturais.
Mas geralmente são menos falados do que o
Brasil e China ou do que a União Europeia e a América. Há muitas
relações comuns que fazem parte da segurança”, disse.
A embaixadora da Delegação da União
Europeia no Brasil, Ana Paula Zacarias, e o presidente do Centro
Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), embaixador Luiz Augusto
de Castro Neves, também participam da conferência.
O primeiro painel será sobre Segurança e
Responsabilidade em um Mundo Multipolar e conta com o presidente pro
tempore do Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (Unasul)
e ministro da Defesa do Peru, Pedro Cateriano Bellido.
* Com informações da Agência Brasil
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