A eleição do papa Francisco,
que teve sua cerimônia de inauguração nesta terça-feira, pode
representar grandes mudanças na Igreja Católica, segundo afirmam
teólogos latino-americanos.
Leonardo Boff
Leonardo Boff, um dos mais destacados representantes da Teologia da Libertação, disse em um email que acredita que o papa Francisco irá causar uma descentralização do governo da igreja e um impacto na arena política.
“Ele
dará peso decisório ao Sinodo dos Bispos (cada três anos) e não apenas
peso consultivo, criando mais autonomia às igrejas continentais e
nacionais em nome da colegialidade”, escreveu ele ao CP.
Boff
aponta que Francisco foi a escolha para fazer reformas profundas na
igreja que vive uma crise.
Segundo ele, o novo papa vem da “periferia,
onde crescem igrejas vivas e inovadoras e onde vivem 60% de todos os
católicos, para com coragem intervir na Curia e no Banco Vaticano e
fazer uma verdadeira limpeza.”
O papa Francisco, que também é
conhecido por sua humildade e seus cuidados aos pobres, pode provocar
grandes mudanças no âmbito político.
“Como o papa Francisco
enfatiza muito o tema dos pobres e da necessidade da justiça social e
não da filantropia vai, obviamente, reforçar as novas democracias de
cunho popular e que fazem políticas sociais voltadas para os pobres como
no Brasil, no Uruguai, na Venezuela e um pouco em todos os paises onde
se está consolidando este tipo novo de democracia.”
O
teólogo brasileiro vê também uma menor emigração para outras igrejas
com a eleição de Francisco, contribuindo para diminuir a fuga dos
católicos nos países latino-americanos.
“Um Papa mais social e
menos doutrinário facilitará a acolhida por parte dos católicos que
desejam transformações na linha dos interesses do povo”.
Outros
líderes evangélicos e católicos da região acreditam que Francisco irá se
tornar um construtor de pontes ecumênicas.
O papa é conhecido por
promover diálogos ecumênicos na Argentina e ter boas relações com os
evangélicos.
O vice-presidente da Aliança Cristã de Igrejas
Evangélicas da República Argentina (ACIERA), Gaston Bruno, disse
anteriormente, que dará boas vindas ao papa no que
diz respeito à questões em comum com os evangélicos, como a defesa da
vida, casamento entre homem e mulher, entre outros.
Jorge Bergoglio
se tornou o papa Francisco depois depois da renúncia ao pontificado
feita por Bento XVI no dia 28 de fevereiro, por sua idade avançada.
Nesta
quarta-feira, Francisco já recebeu representantes das igrejas cristãs e
de outras religiões.
Ele prometeu respeito e amizade a “prosseguir o
diálogo ecumênico”.
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