O degelo das camadas polares aumentou o nível do mar em 11,1 milímetros
nas duas últimas décadas, que corresponde a 20% da elevação das águas
dos oceanos registrado desde então, anunciou uma equipe internacional de
cientistas nesta quinta-feira (29).
Imagem mostra que o degelo formou uma corredeira no meio de uma geleira da Groenlândia Ian Joughin/Ap |
O degelo das camadas polares aumentou o nível do mar em 11,1
milímetros nas duas últimas décadas, que corresponde a 20% da elevação
total das águas dos oceanos registrado desde então, anunciou uma equipe
internacional de cientistas.
Cerca de dois terços dos degelos ocorreram
na Groenlândia e no restante na Antártida, de acordo com imagens de
satélite da Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) e da Agência
Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
Já foram feitas mais de 30 estimativas sobre o encolhimento das camadas
de gelo polares, as estes números costumavam ser vagos, com variações
muito amplas, além de existir estudos que se contradiziam.
Agora, uma
equipe de 47 especialistas publicou a estimativa mais precisa já feita
sobre os degelos polares, o que constitui a medida mais definitiva do
impacto das mudanças climáticas.
O estudo completo será publicado na
edição desta sexta-feira (30) da revista americana Science
Cerca de dois terços dos degelos ocorreram na Groenlândia e no restante
na Antártida, de acordo com imagens de satélite da Nasa (Agência
Espacial Norte-Americana) e da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla
em inglês).
Esta última estimativa se situa dentro da escala
estabelecida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC, na sigla em inglês), no relatório publicado em 2007.
No entanto, destacam os cientistas, as distâncias nesta escala eram tão
grandes que, na época, era impossível determinar se a massa de gelo
antártico estava derretendo ou se expandindo.
Três vezes mais perda de gelo.
As estimativas mais precisas divulgadas hoje confirmam que Antártida e
Groenlândia, as duas maiores reservas de gelo do planeta, perderam massa
desde 1992 por causa do aquecimento da superfície terrestre, e que o
degelo nessas áreas se acelerou.
Os cientistas usaram, desta vez, dados de até dez satélites diferentes
desde 1992, fazendo coincidir cuidadosamente os períodos de tempo e as
localizações geográficas para realizar uma avaliação mais abrangente.
Em conjunto, Groenlândia e Antártida perdem hoje, em conjunto, três
vezes mais gelo do que nos anos 1990, fazendo com que sua contribuição à
elevação do nível dos mares tenha crescido de 0,27 para 0,95 milímetros
ao ano.
"As mudanças na massa de gelo acumulada nos mantos gelados dos polos
são tão importantes, porque são a medida das mudanças no clima que
afetam diretamente os níveis dos oceanos", afirmou Andrew Shepherd, da
Universidade da Inglaterra.
"O ritmo do degelo aumentou muito mais na Groenlândia, onde
quintuplicou", destaca Erik Ivins, do Laboratório de Propulsão a Jato,
da Nasa, na Califórnia (Estados Unidos), um dos principais coautores do
estudo.
Já as modificações da massa de gelo na Antártida foram menores.
As
perdas notáveis registradas no oeste do continente foram compensadas em
parte por aumentos no leste.
No total, a elevação do nível dos mares foi
de cerca de 3 milímetros ao ano, em média, nestas duas últimas décadas,
o que se atribui em sua maior parte à expansão térmica da água.
"Agora devemos entender melhor a física das placas de gelo durante o
período que acabamos de observar, com a finalidade de elaborar modelos
capazes de prever, em maior grau, a elevação do nível dos oceanos até o
fim do século", disse Ivins.
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