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quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pastor Ariovaldo Jr. fala sobre livro “666 Perguntas Que O Seu Pastor Não Responde”: “Pessoas discordam da liderança”.

[Entrevista] Pastor Ariovaldo Jr. fala sobre livro “666 Perguntas Que O Seu Pastor Não Responde”: “Pessoas discordam da liderança”

O pastor e colunista, Ariovaldo Jr. está às vésperas do lançamento do livro 666 “Perguntas Que O Seu Pastor Não Responde”, com temas recorrentes que geram dúvidas a respeito do cristianismo, liturgias, doutrinas e passagens bíblicas.

Ariovaldo concedeu uma entrevista  falando sobre o livro, e segundo o pastor, a ideia surgiu a partir da interatividade com fiéis de diversas denominações nas redes sociais.

Para o pastor, as perguntas que ele recebia eram “relevantes e que acabavam não sendo respondidas na igreja”. 

Dessa interação, mais de duas mil perguntas serviram de base para o livro, e num determinado momento, foi necessária uma seleção para reduzir a quantidade entre 600 e 700. 

A escolha por 666, segundo Ariovaldo, foi simples: 

“Puro marketing”.

- É claro que não são perguntas sem respostas, mas alguns assuntos (por motivos óbvios) não são tratados por falta de confiança na liderança ou por puro medo do constrangimento gerado – explica o polêmico pastor da Igreja Manifesto, em Uberlândia, MG.

O lançamento do livro ainda não tem data definida, por estar numa fase de pré-lançamento, onde uma campanha de arrecadação busca levantar um valor específico para que o livro seja editado, e a partir daí, o livro seria vendido por um valor mais acessível a todos, pois o custo de produção estaria coberto.

Confira a íntegra da entrevista com o pastor Ariovaldo Jr. abaixo:

Como surgiu a ideia de criar o livro e como juntou as perguntas?

Na verdade comecei a trabalhar em outro livro primeiro, sobre evangelização e a dificuldade de trabalhar processos criativos dentro de igrejas “estabelecidas”. Só que no meio do caminho meu Formspring começou a ser bombardeado com perguntas muito relevantes e que acabavam não sendo respondidas na Igreja. É claro que não são perguntas sem respostas, mas alguns assuntos (por motivos óbvios) não são tratados por falta de confiança na liderança ou por puro medo do constrangimento gerado. Então decidi coletar este material (foram mais de 2000 perguntas) e selecionar o que havia de melhor. Não copiei apenas o que respondi no Formspring, mas melhorei perguntas e respostas.

Como teve a ideia e porque esse projeto colaborativo para lançar o livro? Não se interessa em apresentá-lo a uma editora evangélica?

Procurei alguns contatos com editoras mas não gostei das condições de publicação. Pra começar nem todas topariam lançar um material polêmico assim. Só que o que mais incomodava mesmo era que o preço final do livro ficaria muito alto. Acho um absurdo um livro cujo custo fica em menos de 10 reais chegar no varejo a 30 ou 40 reais. Do mesmo modo que as Gravadoras foram destronadas nos últimos anos, creio que as Editoras serão as próximas nessa revolução da Internet. O fato é que se um livro impresso custar 10 reais, por que alguém iria piratear? Por 10 reais nem o xerox você paga. O projeto colaborativo é interessante por que cada leitor se torna sócio da produção. Inclusive ainda estou estudando a possibilidade de colocar o nome de cada colaborador impresso no próprio livro. Pra que fique registrada minha gratidão por todos que se envolveram.

Porque 666 perguntas e não 665 ou 667?

Eu tinha que escolher um número entre 600 e 700 perguntas (que é o que dá aproximadamente 200 páginas). Quando pensei nisto, o primeiro número que veio a cabeça é o 666. Puro marketing mesmo, sem nenhuma segunda intenção. Aí é claro que os crentes chegaram matando, me chamando de anticristo e blablabla. Mas não estou preocupado com isso. Enquanto o que falarem a meu respeito for MENTIRA, tá tudo bem. Vou me preocupar quando o que falarem for VERDADE.

Que exemplos de perguntas e respostas podem ser encontradas na obra? Tem coisa meio absurda ou estranha?

As interessantes eram sobre supostas contradições bíblicas, sobre sexo em diversos contextos, limites da liberdade cristã, bebida, drogas e música. Absurdas eram as perguntas sobre sexo na perspectiva que revelavam que muitas pessoas acabam concordando com o que a Igreja ensina, mas na prática exercem sua sexualidade de maneira longe do que afirmam concordar. Isto acontece simplesmente por que questionar a opinião do pastor não é uma ideia muito aceitável. Mas a verdade é que há respostas MUITO SATISFATÓRIAS para todas estas questões. Tanto que já vi mais de uma vez casais serem levados à reflexão correta e optarem por se casarem rapidamente para viver o correto segundo o padrão de Deus.

Você é um pastor diferente da maioria, não usa terno, não faz a barba, não passa gel no cabelo (risos)… O livro reflete um pouco desse seu lado diferente (e para alguns, polêmico) ou é mais voltado para todo e qualquer leitor evangélico?

Eu sou pastor de uma Igreja que antigamente dizíamos ser “alternativa” por que trabalhávamos com metaleiros, punks e outras subculturas. Chama-se Manifesto, parte do Ministério Sal da Terra em Uberlândia-MG. Mas esta fase inicial passou há muitos anos e hoje somos uma igreja que atende todo tipo de gente. De certo modo percebo que atualmente recebemos convites para pregar não por causa de nosso estereótipo, mas sim pela contundência da MENSAGEM ensinada. Essa tem sido nossa bandeira. Coerência teológica, sólidos fundamentos reformados, uma consciência missiológica profunda e ampla interação com a cultura para que tudo isto possa ser compreendido pelas pessoas desta geração.

Qual foi o assunto que gerou mais perguntas não respondidas? Tem ideia do motivo?

Os temas mais recorrentes foram sexo antes do casamento, masturbação, jejum, dízimos e tatuagem. Sexo e masturbação dá pra perceber que a razão é que boa parte das pessoas discordam da explicação da liderança (quando há uma explicação, né) e praticam. Jejum e dízimo são coisas que não são esclarecidas devidamente por falta de ensino bíblico coerente. E tatuagem reflete a dificuldade de muitas igrejas em lidar com a cultura.

Depois de tomar conhecimento de 666 perguntas que os pastores não respondem o que você conclui do livro e dos pastores brasileiros?

Há muitos bons pastores no Brasil. Muitos mesmo! Tenho viajado bastante e em todas as igrejas que fui (e olha que fui em algumas bem estranhas) tenho conhecido gente que ama Jesus e que busca desempenhar seu trabalho com excelência. O problema na verdade é falta de relevância. Não adianta eu ser o maior pregador do mundo se apenas pessoas VELHAS compreendem o que eu digo. Também é preciso considerar que não há fórmulas de sucesso. Copiar pastores estadunidenses na tentativa de ser “cool” não é garantia nenhuma de que conseguirá ter um ministério relevante.

Existe mais alguma coisa que gostaria de acrescentar ou divulgar nesta entrevista?

Agradeço a oportunidade e em breve estarei publicando mais textos.
Desde que passei a escrever para o portal, choveu gente xingando minha mãe e precipitadamente me acusando de ser liberal ou herege. Sinceramente não me preocupa esse carnaval todo que os crentes fazem quando uma opinião diferente é publicada. Isto acaba me animando a produzir mais coisas. Quem sabe outros livros em breve, visto que enquanto alguns estão inclusive “orando contra mim” (o que eu chamo carinhosamente de macumba gospel), seus filhos estão aprendendo mais sobre as escrituras e sobre os reais fundamentos que sustentam a fé no Senhor Jesus Cristo.


Para participar da campanha de arrecadação do livro, acesse ariovaldo.com.br/666.


Por Tiago Chagas

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