Líder missionário desabafa em entrevista ao Gospel Prime.
Igreja brasileira só está preocupada com o conforto dos membros, diz David Botelho |
O estudioso de missões, David Botelho foi um homem de
negócios antes de largar uma carreira promissora para se tornar pastor e
missionário na Bolívia.
Há décadas envolvido no preparo e envio de
missionários, ele lidera a missão Horizontes América Latina, que já
enviou dezenas de cristãos comprometidos para o campo missionário
transcultural no Brasil e no mundo.
Nesta entrevista exclusiva ele enfatiza porque está decepcionado com os rumos da igreja brasileira.
Como as missões brasileiras estão sendo afetadas pelo crescimento econômico do país nos últimos anos?
David Botelho - O crescimento econômico levou as organizações missionárias a terem menos candidatos, isso é devido à influência da teologia da prosperidade egoísta. A última estatística da Sepal mostra que no final dos anos 80
havia um crescimento de 12.8% no envio dos missionários transculturais
brasileiros e em meados da década passada caiu para 3.5%. Agora creio
que caiu muito mais ainda.
Por que vemos tantos templos luxuosos e caros sendo construídos e nem de perto vemos o investimento em missões subir?
O que temos visto é um interesse pelas coisas
deste mundo e não pelas eternas. Muitos pastores presidentes não se
contentam mais com carros luxuosos e mansões. Agora correm atrás de
possuir fazendas, hotéis, jatinhos e helicópteros. Os templos são
somente fruto do reflexo de somente pensar nesta vida.
A perseguição hoje em dia alcançou uma alta histórica, como isso reflete no campo missionário?
Muitos têm medo de ir para o Iraque, Síria,
Afeganistão e Palestina, por exemplo, mas o Brasil se tornou o mais
violento do mundo. Creio que o Pai está nos preparando para ir para
outros lugares menos perigosos como os que mencionei. Detalho isso no
livro que estou escrevendo: “OS INCONFORMADOS – onde estão eles no
século XXI?”, que deve ser publicado em breve para tentar despertar a
igreja brasileira.
Seus livros sempre questionam os esforços da igreja na
área de missões. Como avaliar essa questão em tempo onde a internet e a
tecnologia parecem substituir muito do esforço humano?
A internet e a tecnologia têm sido benção como
um meio para propagar o evangelho, mas o relacionamento é a melhor
maneira de termos comunhão e discipulado. Nada supera a presença do ser
humano. Além disso, ainda temos mais de 2.000 línguas que não possuem
tradução do livro sagrado. É preciso tecnologia, mas ainda a capacidade
do ser humano para concluir tal tarefa.
O senhor comparou recentemente a igreja brasileira com Laodiceia, poderia explicar mais o que quis dizer?
As águas de Laodiceia não eram nem frias e nem
quentes e só davam ânsia de vômito. Ao mesmo tempo as águas de cidades
vizinhas como Hierápolis eram termais e as de Colossos eram frias e boas
para beber. Jesus sentiu vontade de vomitar de sua boca a Igreja de
Laodiceia, pois era autossuficiente e tinha a falsa confiança. Creio que
a Igreja brasileira está vivendo a mesma condição hoje, pois é
antropocêntrica [centrada no homem], parece que tudo é voltado para o
bel prazer de seus líderes e o conforto dos membros.
Que dica o senhor daria para alguém que sente um chamado para servir como missionário?
Algumas dicas seriam:
1 – viver com 70% do que ganha
2 – investir o restante para o futuro do ministério
3 - Iniciar um curso sobre missões transculturais a distância, como a que a Missão Horizontes oferece, para conhecer mais sobre o assunto.
4 – Relacionar-se com os cristãos que ainda tem visão e fogo missionário.
2 – investir o restante para o futuro do ministério
3 - Iniciar um curso sobre missões transculturais a distância, como a que a Missão Horizontes oferece, para conhecer mais sobre o assunto.
4 – Relacionar-se com os cristãos que ainda tem visão e fogo missionário.
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