O episódio de estreia do programa " O Infiltrado ",
do History Channel, em que o jornalista Fred Paiva Melo busca
consultoria para “abrir uma igreja evangélica e ganhar a vida recebendo
dízimo”, causou polêmica por, supostamente, mostrar um retrato caricato
da igreja evangélica.
- O Brasil é o maior país católico do mundo.
Mas, se as igrejas
pentecostais e neopentecostais continuarem crescendo no ritmo atual,
metade da população será de evangélicos já em 2020.
Apesar de acreditar
mais em duendes do que em Deus, Fred se propõe a abrir uma igreja
evangélica e ganhar a vida recebendo dízimo e para isso procura o
apóstolo Gilson Henriques, do Tabernáculo dos Profetas, e conta com a
sua consultoria para abrir o templo Guardiões do Fiel.
Depois, pede
ajuda a Wellington, personal teólogo, que o ajuda a arrumar um terno
adequado, uma bíblia e um pequeno séquito para experimentar sua pregação
em praça pública.
No afã de escolher o seu público, Fred se depara com
um pastor que promete emagrecimento instantâneo – diz a descrição do
episódio, intitulado “No Mundo dos Evangélicos”.
“O Infiltrado” é um programa que tem como objetivo levar Melo a viver
em diferentes meios, levando-o para uma situação diferente em cada
programa.
Gilson Henriques, mostrado no programa como consultor.
É apresentado
pelo jornalista como um “bem sucedido empresário da fé” e também um
consultor para abrir uma igreja.
Em sua consultoria, Gilson, explica que
com cerca de 8 mil reais o jornalista conseguiria abrir uma igreja para
100 pessoas sentadas.
Eles discutiram também as estratégias para se
escolher o nome da igreja.
Ao finalizar sua visita à igreja, o
jornalista afirma que o segredo do “negócio” era de que “o fiel vai à
igreja por causa de Deus, mas leva de brinde o melhor espetáculo num
raio de 20 quilômetros”.
O dízimo doado pelos fiéis é apresentado pelo programa como o capital
de giro para manter a igreja e, quando apresentado ao conceito de que
semeando o fiel receberia até 100 vezes mais, o jornalista ironiza
dizendo que deveria tirar seu dinheiro investido na Bolsa de Valores e
“fazer um aporte” na igreja.
Durante o programa, Melo retrata vários toda sua trajetória para a
abertura de uma igreja, desde sua suposta oração de conversão, até a
escolha dos músicos para um grupo de louvor.
Para isso, o programa
apresentou diversas pessoas ligadas à igreja evangélica, e também vários
detalhes peculiares de algumas denominações, como o “drive thru de
oração” da Igreja Universal.
- Então quer dizer, é simples assim.
‘Tô’ liberado do inferno? –
questionou o apresentador após repetir uma suposta oração de conversão.
- Simples assim.
Você é um novo cara, nova vida – respondeu o
“personal teólogo” que o acompanhava.
Em seguida esse consultor o
incitou ainda a fazer uma pregação, causando um tumulto entre pessoas
que estavam na praça.
O programa recebeu várias críticas por estar, supostamente, debochando das igrejas evangélicas.
- Pode-se avaliar um programa como este de pelo menos dois ângulos:
como um escárnio ao movimento evangélico, fruto do preconceito
religioso, ou ainda, como um feedback que nos revela a imagem que a
igreja evangélica brasileira tem construído no imaginário popular. –
afirmou Hermes Fernandes, do blog Genizah Virtual.
- Em vez nos infiltrarmos no mundo como agentes transformadores do
reino de Deus, estamos sendo infiltrados pelo mundo e servindo de
chacota por causa de nossas idiossincrasias. – concluiu Fernandes.
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